Ungaretti: A PIEDADE
PRIMEIRA PARTE
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Sou um homem ferido.
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E me quisera ir
E finalmente chegar,
Piedade, onde se escuta
O homem só consigo.
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Não tenho mais que soberba e bondade.
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E me sinto exilado entre os homens.
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Mas por eles padeço.
Não serei digno de voltar a mim?
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Povoei de nomes o silêncio.
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Fiz em pedaços coração e mente
Para cair na servidão das palavras?
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Reino sobre fantasmas.
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Oh folhas secas,
Alma levada aqui e acolá...
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Não, odeio o vento e sua voz
De besta imemorial.
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Oh Deus, aqueles que te imploram
Não te conhecem senão de nome?
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Me desfizeste da vida.
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Me desfarás da morte?
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Talvez o homem é também indigno de esperar.
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Mesmo a fonte do remorso está seca?
...
Que importa o pecado
Se já não conduz à pureza.
... ...
A carne se recorda apenas
De que outrora fora forte.
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Está louca e gasta, a alma.
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Deus, contempla a nossa debilidade.
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Quiséramos uma certeza.
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De nós sequer ris mais?
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Compadecemos, crueldade.
...
Não posso mais estar murado
No desejo sem amor.
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Mostra-nos um rastro de justiça.
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Tua lei qual é?
...
Fulmina minhas pobres emoções,
Livra-me da inquietude.
...
Estou cansado de urrar sem voz.
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4 Comments:
ungaretti. muito bom. em versos curtos ou longos.
um beijo
oi, carlos.
de quem são as traduções?
abração.
São preciosas sua indicações. Estou sempre por aqui também. Beijo.
Embora demora para postar, estou sempre por aqui lendo e apreciando.
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hábraços
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