sábado

Ungaretti: A PIEDADE

PRIMEIRA PARTE
...
Sou um homem ferido.
...
E me quisera ir
E finalmente chegar,
Piedade, onde se escuta
O homem só consigo.
...
Não tenho mais que soberba e bondade.
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E me sinto exilado entre os homens.
...
Mas por eles padeço.
Não serei digno de voltar a mim?
...
Povoei de nomes o silêncio.
...
Fiz em pedaços coração e mente
Para cair na servidão das palavras?
...
Reino sobre fantasmas.
...
Oh folhas secas,
Alma levada aqui e acolá...
...
Não, odeio o vento e sua voz
De besta imemorial.
...
Oh Deus, aqueles que te imploram
Não te conhecem senão de nome?
...
Me desfizeste da vida.
...
Me desfarás da morte?
...
Talvez o homem é também indigno de esperar.
...
Mesmo a fonte do remorso está seca?
...
Que importa o pecado
Se já não conduz à pureza.
... ...
A carne se recorda apenas
De que outrora fora forte.
...
Está louca e gasta, a alma.
...
Deus, contempla a nossa debilidade.
...
Quiséramos uma certeza.
...
De nós sequer ris mais?
...
Compadecemos, crueldade.
...
Não posso mais estar murado
No desejo sem amor.
...
Mostra-nos um rastro de justiça.
...
Tua lei qual é?
...
Fulmina minhas pobres emoções,
Livra-me da inquietude.
...
Estou cansado de urrar sem voz.
...

4 Comments:

Blogger virna said...

ungaretti. muito bom. em versos curtos ou longos.
um beijo

7/11/05 23:00  
Anonymous Anônimo said...

oi, carlos.
de quem são as traduções?
abração.

8/11/05 09:16  
Anonymous Anônimo said...

São preciosas sua indicações. Estou sempre por aqui também. Beijo.

10/11/05 00:24  
Blogger Claudio Eugenio Luz said...

Embora demora para postar, estou sempre por aqui lendo e apreciando.

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hábraços

10/11/05 18:54  

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