Mel do Melhor 09: RÉGIS BONVICINO

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A nona edição do Mel do Melhor apresenta poesias do livro Ossos de Borboleta (ed. 34, 1996), de Régis Bonvicino, tradutor da até agora única coletânea de Robert Creeley (autor da próxima semana) no Brasil.
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Quase tudo sobre ele, quase por ele mesmo, no site do autor. Recomendo vivamente.

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Régis Bonvicino: ESTAR

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Estar não estando
não estando
estar tão íntimo
sem agora ou quando
ubíquo
vazio que se afina
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enquanto
embora esteja
e apenas em trânsito
céu aberto
crisálida seca
dias passam em branco
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Régis Bonvicino: A NOITE

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A noite é uma planície
deserta
ou páramo
é sombra de sons
(numa esquina)
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incerta
concorrência de palavras
anãs
ou contraída
luz elétrica
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no quarto vazio
noite
do alto de vosso silêncio
entretanto
...................me pronuncio.
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Régis Bonvicino: A MANHÃ

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A manhã nasce
defendida
dispersiva
míope
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nasce numa esquina
só
entre cortinas
nasce
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em linha reta
galhos e pétalas
como uma cor
às avessas
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Régis Bonvicino: NUMA RUA

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Sob arcos, olhos
quase fechados.
Manhã. Cabeças
de pedra.
Árvores -
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ao fundo -
e a quaresmeira
lilás. Aqui,
a sensação de nunca
ter estado lá.
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Régis Bonvicino: 290395

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Cai uma chuva fina
e o universo
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quieto
lá em cima
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Régis Bonvicino: AZUL

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Seu eu digo azul
além
inteligência
do azul
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*
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Voz de
pássaro
quando
na manhã
...
a noite
muda
ainda é
sombra
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Régis Bonvicino: ROUPAS

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Roupas, livros
corredor
Água que lava
sexo
...
seco, palavras
O corpo
ontem
no espelho
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Régis Bonvicino: NA

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Na janela suspensa
um vaso azaléas
e o sol intenso
cigarras cavam
piçarrasm pássaros
...
voando
bocas fechadas
gota a gota
o céu se esgota
de asas
...
*
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Quieta e vasta
a flor ignora
o dia
que passa
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