quarta-feira

José Gomes Ferreira: AREIA: XIII

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Alegre e duro
- na embriaguez dum prado trémulo de sol
onde a névoa salta dos relinchos dos cavalos
com flores nas crinas perfumadas das deusas...
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Alegre e duro
- num mundo que começou agora mesmo ainda sem morte a florir nas árvores
nem caveiras atiradas por um fantasma da lua para os poços.
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Alegre e duro
- na exaltação dos teus olhos - mulher que passas -
verdes como duas chicotadas na erva.
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Alegre e duro
- capaz de todos os egoísmos da solidão do sol
que só de longe ilumina os combates sagrados.
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Alegre e duro.
Sim, alegre e duro.
Inutilmente alegre e duro.
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