sexta-feira

Paulo Hecker Filho: ESCUDO QUE TEU OLHAR MAIS DOCE DESPEDAÇA

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A haste ergue o grito amarelo do cravo
e as coisas recuam de eco na sala.
Ah, se trouxesses a ventarola de tuas ternuras imprecisas,
eu beijaria o luar sonhando como uma criança cega entre teus dedos.
Tira da boca o seio das minhas excitações contraditórias,
joga a cabeça com os cabelos para trás do que sabemos de nós mesmos.
Quero-te eu, mas eu disperso de mim, vulnerável em tua cristã inconsciência.
Pois não é sumir o que eu quero na noite com que envolvi a sala num suspiro.
Não. Talvez se trouxesses a tua boca oferecida numa bandeja de prata,
eu a tomasse como não tomo o cravo vagindo amarelo de dentro das minhas indecisões
e verias que meu olhar diria amo quando não sei se me importo.
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