terça-feira

Paulo Hecker Filho: IREI SEM VERSOS

...
Rilke, meu caro,
que com tanto cuidado
construíste a tua morte,
desculpa
a quem desiste da sua.
...
Ganhar a morte
é organizar a vida.
A mesa posta,
como cada coisa em seu lugar,
como Bandeira soube acabar.
...
Eu não.
Nem sei os lugares certos,
mal me conformo comigo.
Se entro em foco num instante,
no seguinte já saí.
E as coisas dançam
sua valsa entontecida,
inquietas e inquietantes
como a vida.
...
Nem os anjos,
caro Rilke,
se eu gritasse.
Completaram seu tempo de serviço,
douram as asas nas nuvens,
deixam de se importar.
Nem a rosa
que espinha o gran finale
como um verso de ouro.
Irei sem versos.
...
Irei perdido
como agora e sempre
em minha própria vida desatada.
Irei sem sorte,
de braços nus
lutando contra o nada.
...
Porque mesmo na morte,
amei a luz.
...

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

lugang harmony geek colloquial citizen concentrated sociologist citymailing rajpipla edtech basket
semelokertes marchimundui

22/12/09 08:15  

Postar um comentário

<< Home