domingo

Walmir Ayala: PROJETO

Quem antes de mim marcou com sua forma este desenho,
este plano de vida
em que respiro
e que maravilhoso dimensiono?


Quem
pisou a terra que hoje me baseia,
e cuja marca o vento cegamente
baniu?
Sou esse? Aquele? O outro?


Quem me sucederá neste meu feudo
de transitória posse? Filho excuso
que desconheço e que virá na sombra
reconstruir o tempo que respiro.


Quem fala em mim, além dos meus receios,
da minha consciência intimidada?
Quem me move a cobrir, tomar de assalto
o chão da vida? – senão o proprietário
que a morte com presteza ludibria?


De olhos cerrados tanjo o ar presente
e despetalo dedos abdicados.
De olhos abertos marco a luz com tênue
risco de compaixão.
Dentro do túnel
já se esboça um gemido, e me completa.