quinta-feira

Robert Frost: O ATAQUE

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Sempre o mesmo quando numa noite fatal
Por fim a neve acumulada cai, tão branca
Como pode ser nos bosques escuros, e com uma canção
Não cairá novamente por todo o longo inverno
Sibilando no chão ainda encoberto;
Quase tropecei olhando à volta e acima,
Como alguém que transtornado pelo fim
Desiste do propósito e deixa a morte vir
Sobre ele onde estiver, não tendo nada feito
Para o mal, nenhum triunfo importante conquistado,
Como se a vida jamais tivesse começado.
...
No entanto todo o passado está do meu lado;
Sei que a morte do inverno, por mais que haja tentado
A terra, sempre falhou; a neve pode assim se acumular
Em longas tempestades sem direção, de quatro pés de altura
Medida contra o bordo, o vidoeiro e o carvalho;
Mas não pode refrear o grasnado prateado do pintinho
E verei esta neve cair pela colina
Transformada em água num riacho de abril
Que através dos galhos secos brilha e rumoreja e
Através das ervas mortas se vai como serpente;
Nada ficará branco a não ser aqui um vidoeiro,
E ali um grupo de casas com uma igreja.
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