domingo

Salgado Maranhão: CODA

para Ferreira Gullar
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Agora que cantar é flor
de lavas, lides
e o sol sangüíneo raia
nosso cais,
uma foz de lábios
nos incesta ao arbítrio
antes que rapinas raptem
nosso último grão de víscera.
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Cantar como as pedras rolam
cantar como o sangue cinge
os dígitos do amor imensurável.
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Radical amanhece
a ramagem de incêndios
sobre as vinhas.
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Do sublime à barbárie,
eis que o destino inscreve-se
nos dentes.
...
Transidos recolhemos a penugem
do sol
..........e o silêncio
em riste.
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No ermo de ter-se sem se pertencer
só o impermanente permanece.
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